A força da natureza
- Mônica Oliveira
- 13 de dez. de 2019
- 4 min de leitura

Somos conectados na força da natureza de uma maneira inexplicável. A chuva, os raios e trovões. O canto dos pássaros, o nascer e o por do sol. O nascer da lua, as fases da lua, as estações do ano, o céu estrelado. O barulho da cachoeira, os cristais e pedras. Fico pensando, quanta força a natureza revela em nossas vidas? Mesmo estando na Matrix contemplamos as árvores insistentes em viver e dar frutos e flores em meio à selva de pedras, os pássaros que voam desenfreadamente nas proximidades do aeroporto, cito aeroporto pois chamou-me a atenção contemplá-los quando eu trabalha lá perto. Como insistem em viver naquela loucura de aeronaves e carros barulhentos. A natureza nos ensina a resistir, a sermos resistentes e insistentes. Muitas vezes nos abatemos e em meio ao nosso egocentrismo não contemplamos a força das plantas mesmo que seja aquele vaso pequenino que temos dentro de casa.
O homem esqueceu-se da arte do contemplar e vive correndo, atrasado, como o coelho da Alice no País das Maravilhas. Corre alucinadamente preso as horas e aos compromissos do cotidiano. Não observa a respiração, não saboreia os alimentos que consome e toma pouca água pelo simples fato em não ter que ir ao banheiro repetidas vezes esvaziar sua bexiga.
O homem tornou-se escravo do sistema e das conquistas materiais. Pouco preocupa-se com seu estado de espírito, não observa a si mesmo, seus sentimentos, seus anseios espirituais, será que lembra-se de agradecer pelo fato de ter acordado mais um dia?
A preocupação é a chegada e chegada relacionada aos bens materiais, a uma boa qualificação de seu contrato de metas do semestre, a tornar-se o profissional do mês, a orgulhar-se por não ter chegado atrasado no escritório nenhum dia sequer, a ter trabalhado por 15 horas ininterruptas, a ter entregado o relatório no prazo e sem erros! E neste momento ele esquece-se de outras chegadas, em dar um abraço nos filhos e expressar seu amor por eles, a ouvir seu cônjuge com carinho e amor mesmo que sejam as mesmas histórias de sempre, em visitar seus pais que já estão com uma idade avançada, em brincar com o cão, em molhar as plantas e encher as garrafas de água da geladeira ou colocar água no filtro! Não percebe que a mulher mudou o corte de cabelo na esperança de receber um elogio. Na verdade acostumamos ao cotidiano e passamos a viver como máquinas estimuladas por tapinhas nas costas. Na Matrix, você tem valor pelo que veste, usa, possui e come. Que coisa não? A mídia incentiva este processo de alienação é claro! As postagens das viagens no Facebook, a família feliz, mesmo que obesa e com o colesterol alto, mas todos vitoriosos na mesa do restaurante sofisticado! Dá um close no relógio? Afinal, o tempo é controlado em segundos! E na hora de pegar o carro no Vallet, quem chega? Seu carro novo! Por favor cuidado ao bater a porta! Reforma-se casas para viver alienado, tolhendo a liberdade do cachorrinho que estava acostumado a deitar-se no sofá e a pular alegremente! Agora não pode, o sofá é novo e o piso também. E assim caminha a humanidade! O tempo vai passando e a preocupação sempre com a chegada pode vir a trazer consequências que não somente refletem-se na alma mas no físico. Físico este sedentário e entupido de gorduras e fast food. Qual o sentido da chegada? O importante é o caminho a percorrer. Caminho que se observado carinhosamente sob a luz da alma revelará tantas bençãos e tantos momentos especiais. Tudo torna-se mais leve e mais palatável! Começamos a despertar para o consumo consciente, dar importância no preparo dos nossos alimentos, não por obrigação mas por prazer em se conectar com os alimentos e com a história de cada um deles, identificando seus diversos aromas e consumindo alimentos da estação vigente. Notamos de que não precisamos de muito para ter paz e que a ganância e o materialismo nos traz muitas responsabilidades e dor de cabeça. Não estou dizendo para sermos irresponsáveis e tornarmo-nos outsiders, não é isto! Temos que laborar para o suprimento de nossas necessidades primárias mas não precisamos ostentar coisas cujas quais custarão nossa paz entende?
O que desejo a mim e a você que está lendo este texto é de que no decorrer de nossa caminhada possamos contemplar as paisagens maravilhosas que a vida nos reserva onde quer que estejamos, que possamos expressar amor aos nossos queridos, que possamos perdoar os dissabores do passado e possamos ser perdoados também, que possamos agradecer pela vida e por tudo que temos, que possamos dividir com aqueles que não tem quando nos for possível, que possamos cuidar deste corpo emprestado para a morada de nosso espírito. Que possamos desligar a televisão e ligar-nos a boas leituras que possam enriquecer nossas almas e nos trazer regozijo de vida. Que possamos contemplar o caminho e se você está apenas percorrendo-o sem conectar-se com ele, que você possa encontrá-lo antes tarde do que nunca!!!
Gratidão a Deus, a Gaia, aos Deuses
Gratidão a Vida!
Gratidão, gratidão, gratidão
Blessed be )o(
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