Pressões da vida

E a vida nos conduz alucinadamente. Observo pessoas nas ruas andando rapidamente ou alienadamente com seus celulares pois não podem deixar de assistir a ultima temporada da determinada série, andam desconexas, atrapalhando nosso caminhar. Chegam em seus trabalhos, sentam em suas mesas com uma aparência artificial e sorrisos artificiais, mas intrinsecamente estão pensando no cotidiano e relacionamentos de suas vidas, de como será o próximo final de semana que ainda não chegou e são invadidas com as notícias mundiais inerentes a economia, as guerras em outros continentes, a tragédias do cotidiano moderno. Lideres políticos que conduzem exércitos de seguidores como que a uma seita religiosa. Alguns perdem a criatividade e o olho clínico para os fatos, mas por outro lado penso, de que adianta compreendê-los sobre outra óptica? Entre o péssimo e o ruim, qual seria o menos pior? O homem com poder nas mãos se corrompe, logo líderes políticos são corrompidos de alguma forma e o fato de conduzir uma massa os transforma em semi deuses.

A luta pela sobrevivência e o politicamente correto nos traz uma pressão natural quanto aos nossos atos, a melhor maneira de conduzir nossas vidas, nosso marketing pessoal. O que desejamos expressar aos outros. A busca pelo conhecimento mas até que ponto este nos favorece ou nos atrapalha?

Devo ser autêntico em meus julgamentos ou preciso camuflar minhas opiniões para agradar a massa?

O que devo vestir? Como devo balbuciar as palavras? Que vocabulário devo utilizar? Qual o volume de minha voz devo utilizar? Qual a frequência de minha voz? Qual a melhor maneira em me comunicar? Será que agradarei a todos, a nenhum ou parte de alguns?

Como devo expressar meu conhecimento? Para quem devo reportá-lo? E como?

Faço frango desfiado ou grelhado?

Continuo com exercícios abdominais ou invisto em flexões de braço? Como carboidratos para manter a energia mas como me livro da barriga adicional que se formou? Corro ou trilho?

São tantas questões interiores e neste momento minhas convicções e valores me conduzem livremente. A vida é contemplada por erros e acertos, não ganharemos todas as batalhas mas em algumas sairemos vitoriosos.

Quando direcionamos nosso olhar para os outros somente nos esvaziamos de nós mesmos, perdemos nossa autenticidade. É como se nos despíssemos de nós mesmos e vestíssemos outra roupagem que não é a nossa. Difícil de manter por muito tempo pois toda vez que matamos a nós mesmos, em algum momento ressuscitaremos!

Não há como viver em prol dos outros, em agradar a massa!

Notório que a gentileza e a ética sempre nos conduzirá para caminhos de luz mas temos que ter em mente que temos que ser reflexo daquilo que somos e não daquilo que terceiros almejam.

As pressões da vida são complexas de entender e assimilar. São pressões em casa pois muitas vezes seu cônjuge quer transformá-lo naquilo que idealizou sobre você e neste contexto você pode correr o risco de se perder de si somente para agradá-lo. Perder seus conceitos e valores. Já na infância isto acontece quando tentamos agradar aos nossos pais mesmo vestindo aquele vestido terrível para nós, quando de fato queríamos usar apenas um tênis e uma calça jeans.

Posso pensar que a liberdade é uma ilusão pois sempre estaremos presos a um protocolo de regras, conceitos e valores cujos quais muitas vezes não são nossos mas de outrem.

E assim segue a vida, o trânsito, a poluição, o transporte deficiente e caro, a multidão das grandes cidades, o tempo e as distâncias vão nos consumindo diariamente. De repente nem pensamos em mais nada e só seguimos os protocolos diários, muitas vezes sem reflexão. E sem reflexão vivemos com nossos familiares repetindo sempre os mesmos atos. Ao acordar, tomar café, ir ao mercado e a feira nos finais de semana, procurar manter a limpeza e higiene do lar e desta forma se passou mais um dia. Um dia sem diálogo, um dia insípido que buscamos o bem estar em outras formas de viver! A música tocada e ouvida, aos escritos literários, ao sol que iluminou e aqueceu o quintal e secou as roupas. Ao cheiro de jasmim que se espalhou delicadamente no ambiente, ao miado e afago de gatos! A água que sorvemos deliciosamente! Ao sabonete com notas de amêndoas. Ao travesseiro macio e a meia luz de um abajur.

E mesmo assim conseguimos encontrar bem estar! Este é o segredo!

Nem tudo é pressão e são apenas cenários em nossas vidas! Temos a opção de transmutar sobre outros cenários mais agradáveis. Percorrer caminhos mais paradisíacos mesmo que estes reflitam-se através de um bom livro. Nossa imaginação pode ir longe! E nos devolver conhecimento e alegria!

Tudo é uma questão de óptica! Sob qual óptica eu quero enxergar o mundo? Quero vê-lo mais leve e de maneira mais salutar para mim. Muitas vezes preservar meu silêncio e observar somente. Extrair de cada ato o melhor dele! De cada nota musical, seu melhor som! Sentir os raios do sol e agradecer pelo calor e luminosidade. Apreciar o abracinho de um gatinho, sim pois gatos abraçam também!

Deixar a vida fluir e olhar tudo de uma maneira simples e otimista! Não teremos as respostas que almejamos! O mundo florescerá como ele desejar! As questões são como são e é perda de tempo querer conjecturar sobre as pressões do mundo e os fatos externos. Nosso interior deve estar nutrido de amor e paz conosco! Nossa auto-aceitação de como somos! Semear nossas boas sementes hoje e esperar os frutos do amanhã. Nós temos que reconhecer nossos talentos, é vão esperar pela aprovação de outro ser, mesmo que este seja sangue de seu sangue ou alguém muito próximo.

O seu reconhecimento virá de você mesmo!

Não se julgue tanto!

Não se cobre tanto!

Sorria mais para você mesmo!

Viva intensamente seus dias!

Aprecie as pequenas coisas, sinta o prazer dos pequenos aromas!

Alimente sua alma com o bem!

Não julgue os outros, afinal, você não sabe os caminhos que ele já percorreu!

Deixe que cada um viva de acordo com seus conceitos e valores.

Viva e deixe viver!

Livre-se das pressões que você mesmo coloca em seus ombros!