Sentimentos
- Mônica Oliveira
- 12 de nov. de 2018
- 3 min de leitura

Quando contemplo a imensidão e a soberania da natureza posso sentir o quanto sou limitada e o quanto as questões da vida me abatem e me desmotivam muitas vezes. Sinto a minha fragilidade face a imensidão silenciosa dos troncos e folhas. Vegetação tão imponente que sinto-me abduzida por ela, como se os confins da terra pudessem me engolir. Uma energia forte e pura, uma simplicidade no existir e persistir em existir em terrenos deveras explorados pela humanidade. Entristece-me as grandes metrópoles invadindo áreas preservadas cuja destruição rápida e repentina pode ser contemplada a olhos nus. A natureza sofre com a impulsividade humana. Mas mesmo face a tamanha devastação a natureza se impõe e toma outras formas. O homem criou um vale entre a civilização e o verde. Como uma disputa de classes, onde o mais forte, ou aquele que se julga mais forte vence.
Muitas vezes sinto-me desconexa da humanidade. A tecnologia e a mídia formatou pessoas e atitudes. Parece que todos são iguais e o consumismo é que move esta grande mola propulsora de gostos e jeitos, caras e bocas. A única saída é o distanciamento mesmo que momentâneo de tudo isto que intoxica e fere a alma. É um desafio imensurável estar no mundo sem fazer parte dele.
Os dias passam rapidamente. Novas tendências surgem a todo instante. E me pergunto, onde me encaixarei em tudo isto? Parece que fiquei no passado da música, das artes, da literatura e da vida. Sou obsoleta e possuo uma placa de ativo imobilizado cem por cento depreciado. Um tangível que funcionou muito bem mas que agora não serve mais. Pois a tecnologia e o consumismo trata coisas e pessoas desta forma. Descartáveis e inúteis depois de um certo tempo.
Sinto saudades de quando os bens tangíveis eram feitos para durar.
O mestre era respeitado e valorizado por tantas décadas de conhecimento.
O mestre em uma sala de aula era um ídolo, admirado e respeitado pois tínhamos a certeza de que nos auxiliaria em muitos aprendizados.
Lembro-me de grandes mestres que passaram pela minha vida e me auxiliaram em tantos conhecimentos! Lembro-me das músicas clássicas que ouvia ao lado da minha mãe e ela ia me falando sobre os grandes mestres que as escreveram. Lembro-me dos livros que minha mãe lia e que também fizeram parte do meu acervo literário. Lembro-me de seus longos cabelos castanho escuro e de seu olhar esverdeado ao sol. Eu a achava tão especial e tão linda! Um sorriso incrível!
Reflexões que minhas caminhadas me proporcionam e através delas a busca por respostas e por um renascimento de alma. Observo as folhas das árvores que crescem na direção do sol. O vôo inusitado dos pássaros e seus cantos suaves e afinados. Uma flor que nasce despreocupadamente perto de uma rocha. A renovação constante de caminhos e passagens. As teias das aranhas que enfeitam a paisagem como uma toalha de crochê. O coaxar dos sapos que me informam de que tudo está bem e que posso seguir em segurança. Sinto a força cósmica que invade meu ser. Medito, sorrio, me emociono, choro. Neste momento é como se eu fosse parte deste ambiente, sinto-me em casa!
A volta sempre é triste pois me deparo com a sociedade tecnológica e de valores tangíveis. Não me encontro em meio a tudo isto. Busco por respostas através do meu silêncio. Busco centrar-me e visionar um caminho a percorrer. Os dias passam rápido demais e as respostas também decidiram silenciar-se.
Penso que talvez seja uma fase que irá passar. Que novos horizontes se abrirão e que poderei caminhar sobre as brumas e conduzi-las para onde eu desejar. Agradeço por estar neste plano e pela busca dolorosa da evolução. Talvez este momento de introspecção seja uma forma que o universo encontrou para que eu não me distraia com coisas e situações vãs. E que as respostas virão em breve!
De repente, sinto paz e meu coração diminui o batimento cardíaco e posso sentir minha mente leve como nos tempos de outrora quando ouvia músicas clássicas com minha mãe.
E a alegria ressurge como nas tardes de sábado em que minha mãe fazia bolo de cenoura com cobertura de chocolate!
Cada um de nós temos uma missão neste plano e não adianta nos distrairmos com bens materiais e conquistas profissionais. Notório que tais conquistas são essenciais para nossa sobrevivência, mas o mundo nos distrai. Nos impede de ver além das brumas! Nos encanta e nos ilude.
Sei que neste momento o universo está a me ouvir e está decodificando minha vida! Almejarei as respostas em breve!
Há energia vital, há muito a agradecer diariamente! Há evolução a alcançar!
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